A alta do dólar desencadeia uma reação de preços mais altos para os produtos que circulam aqui, sobretudo os importados. Veja o que pensam os especialistas da Empiricus.
De acordo com Felipe Arrais, editor da Empiricus, a variação cambial impacta no preço do barril de petróleo, cujo valor, em dólar, pode subir ou descer de acordo com a cotação da moeda norte-americana. “Logo, uma alta da moeda vai impactar em uma alta do preço do combustível”, ressalta Arrais.
Segundo ele, o Brasil ainda se mostra muito dependente do transporte via terrestre, em especial por caminhões e outros veículos semelhantes. Mais de 60% das mercadorias transportadas no país utiliza esse setor e o pior é que 30% a 40% do preço dessas mercadorias está relacionado ao seu transporte. Por isso a alta do dólar encarece a compra do brasileiro mês a mês, impactando o consumo do brasileiro e seu modo de vida como um todo.
O especialista da Empiricus explica que os produtos importados também ficam mais caros e ainda desencadeiam o fenômeno chamado de repasse cambial — que é quando os produtos estrangeiros mais caros influenciam na alta no preço de outros produtos. O mercado troca o importado por nacionais substitutos e o aumento de sua procura faz com que ele fique mais caro.
O pior efeito da alta do dólar ainda é o aumento do desemprego. Em geral, empresas com dívidas em dólar passam a dever mais com a desvalorização do real e como consequência tem que reduzir custos. Essa redução muitas vezes está ligada a demissões.
O contrário também pode acontecer e a alta do dólar pode gerar empregos. Isso porque os produtos nacionais ficam mais baratos e competitivos lá fora. Dessa forma há mais mercado para nossos produtos no exterior, maior necessidade de produção e consequentemente mais admissões.
Como lidar com a variação?
Felipe Miranda, co-CEO da Empiricus, destaca que há duas formas de se resguardar em momentos de desvalorização do real. A primeira delas é fortalecendo a carteira de investimentos com ativos em dólar, porque assim é possível preservar a construção do patrimônio no decorrer do tempo.
A mesma ideia é defendida por Arrais. Segundo ele, o dólar serve muito bem para formar uma carteira de investimentos diversificada e que uma parte dolarizada é capaz de proteger os recursos dos investidores em momentos de estresse cambial.
Outra sugestão é para quem vai fazer viagens internacionais. Para eles é mais interessante comprar os dólares aos poucos, independente da situação que a moeda está frente ao real. Como quem vai viajar precisa do moeda estrangeira, o ideal é dividir a aquisição durante os meses que antecedem a viagem.
Para o editor da Empiricus de pouco adianta especular o valor do dólar no momento da viagem e que o melhor é construir um preço médio interessante, comprando um pouco a cada mês. Dessa forma é possível fugir de uma possível alta no momento de que for embarcar no avião.